Huawei retorna ao Brasil com EMUI 15 e aposta em ecossistema próprio de apps, incluindo TikTok, Telegram, Office e Tinder





A gigante chinesa Huawei está oficialmente de volta ao mercado de smartphones no Brasil, trazendo consigo dois modelos premium da linha Mate. Com preços que chegam até R$ 32.999, os dispositivos chamaram atenção não apenas pelo valor elevado, mas principalmente pela curiosidade dos consumidores: quais aplicativos funcionam nesses celulares? Eles rodam apps famosos como TikTok, Telegram, Tinder e Microsoft Office? E o sistema operacional é mesmo Android?

Neste novo capítulo da Huawei no Brasil, as respostas giram em torno do EMUI 15, uma versão da interface da empresa que combina elementos do Android Open Source Project (AOSP) com características do seu próprio sistema, o HarmonyOS. Essa abordagem híbrida visa contornar restrições impostas pelos Estados Unidos desde 2019, que proíbem a empresa de utilizar os serviços do Google, como a Play Store, Gmail e Google Maps.


Afinal, o que é o EMUI 15?

O sistema presente nos novos smartphones da Huawei não é o Android tradicional, como o que roda em dispositivos da Samsung ou Motorola. Trata-se do EMUI, sigla para Emotion User Interface, que agora chega à sua 15ª versão e é baseada no Android 12 via AOSP. Isso significa que a Huawei utiliza o código aberto do Android para desenvolver seu próprio sistema, adaptado e sem nenhuma dependência direta dos serviços da Google.

Para o usuário final, isso pode significar algumas diferenças visuais e funcionais, mas o sistema permanece compatível com a maioria dos APKs Android — aqueles arquivos de instalação manuais que funcionam como os tradicionais EXE do Windows. Além disso, os modelos apresentados, o Mate X6 e o Mate XT, já vêm com suporte para diversos aplicativos populares, seja pela loja oficial da Huawei, a AppGallery, seja pela instalação de APKs de forma direta.


Apps populares já disponíveis no ecossistema da Huawei

A AppGallery, loja de aplicativos própria da Huawei, já vem repleta de aplicativos populares e úteis. Segundo levantamento feito pelo Tecnoblog, a lista inclui:

  • Redes Sociais: TikTok, Kwai, Snapchat

  • Mensageria e Comunicação: Telegram, WeChat

  • Produtividade: Microsoft Office, Outlook, OneNote, DeepSeek

  • Compras e Entregas: Shein, AliExpress, Rappi

  • Navegadores: Microsoft Edge, UC Mini

  • Segurança e Utilidades: Kaspersky Security VPN, TeraBox

  • Multimídia e Mapas: CapCut, InShot, Petal Maps, Stremio, Booking

  • Relacionamento: Tinder

Essa variedade mostra o esforço da Huawei para manter um ecossistema funcional e atrativo. Embora a ausência da Play Store possa parecer um empecilho inicial, na prática, os usuários têm acesso à maioria dos serviços essenciais por meio de alternativas viáveis.


Expansão com desenvolvedores brasileiros

Além de contar com grandes desenvolvedores internacionais, a Huawei tem planos ambiciosos para o mercado nacional. De acordo com Camilo Martinez, gerente de relações públicas da empresa, a Huawei pretende atrair empresas brasileiras para desenvolver ou adaptar seus aplicativos para a AppGallery. O objetivo é tornar a experiência mais integrada ao cotidiano digital do consumidor brasileiro, incluindo bancos, lojas, apps de transporte, delivery e educação.

Esse movimento faz parte da estratégia global da empresa de construir um ecossistema independente e robusto, o que inclui não apenas smartphones, mas também notebooks, smartwatches e outros dispositivos conectados.


E o HarmonyOS, entra onde?

A confusão de muitos entusiastas de tecnologia surge justamente pela existência do HarmonyOS, sistema operacional próprio da Huawei. Na China, este sistema já substituiu completamente o Android nos dispositivos da empresa, com suporte nativo a aplicativos Android nas versões anteriores. No entanto, a empresa está aos poucos migrando para o HarmonyOS Next, que não tem suporte para apps Android.

Para o mercado internacional — como o Brasil —, a Huawei optou por manter o EMUI com base no AOSP, garantindo assim compatibilidade com apps Android via APK. Em outras palavras, o que temos aqui é uma solução “híbrida”, que aproveita o melhor dos dois mundos: a estrutura do Android com a personalização e autonomia oferecida pelo HarmonyOS.


Instalação de APKs e uso de lojas alternativas

Para quem estiver disposto a ir além da AppGallery, há boas notícias: o sistema da Huawei permite instalação manual de APKs e também o uso de lojas alternativas, como a APKPure e a Aurora Store. Assim, é possível instalar apps como WhatsApp, Instagram, Netflix e até mesmo alguns serviços do Google, desde que usando soluções de terceiros, como o MicroG Services.

O MicroG é um pacote que emula os serviços da Google e permite, por exemplo, fazer login em apps que exigem conta Google e receber notificações push. Usuários experientes já relatam que com essas soluções o uso do smartphone Huawei se torna bastante similar ao de um Android convencional.


Mas e o 5G?

Apesar dos avanços em outros quesitos, há uma limitação significativa: nenhum dos modelos vendidos na América Latina conta com suporte ao 5G. Mesmo com o Brasil já adotando a tecnologia, os dispositivos Mate X6 (R$ 22.999) e Mate XT Ultimate Design (R$ 32.999) ficam restritos ao 4G.

A Huawei evita comentar oficialmente sobre esse ponto, mas analistas e especialistas atribuem essa ausência às restrições comerciais impostas pelos EUA, que impedem a empresa de utilizar componentes ou tecnologias ligadas ao 5G em produtos exportados para fora da China.


Pagamentos por aproximação também ficaram de fora

Outro ponto sensível para usuários brasileiros é a ausência de uma carteira digital funcional. Sem os serviços do Google, a Huawei também não tem acesso ao Google Wallet, e, ao contrário da Samsung, ainda não oferece uma alternativa própria. Assim, usuários não conseguem realizar pagamentos por aproximação via NFC — um recurso que tem ganhado cada vez mais espaço em bancos digitais e aplicativos de mobilidade urbana.


Interface moderna e experiência fluida

O EMUI 14.2 e 15.0 oferecem uma interface visual moderna, fluida e repleta de recursos. A Huawei investiu bastante em integração entre seus dispositivos, oferecendo recursos como espelhamento de tela, conexão rápida com notebooks da marca, backup em nuvem, controle por gestos, e uma série de funcionalidades de segurança e otimização energética.

Durante a apresentação oficial dos dispositivos, o CEO da Huawei no Brasil, Andy Fang, reforçou a confiança da empresa na aceitação dos modelos por parte do consumidor brasileiro, e destacou que os aparelhos entregam uma experiência premium compatível com qualquer concorrente de ponta do mercado internacional.


Conclusão

O retorno da Huawei ao Brasil é uma jogada ousada, que revela tanto a resiliência da empresa quanto sua capacidade de se reinventar diante de restrições globais severas. Apostando em uma abordagem híbrida entre Android e HarmonyOS, os smartphones da marca chegam com uma proposta clara: oferecer aparelhos premium, com design sofisticado e uma loja própria de apps que já conta com boa variedade.

Ainda assim, os obstáculos são reais. A ausência de 5G, a falta de pagamentos por aproximação e a dependência de soluções alternativas para usar serviços do Google podem afastar parte dos consumidores, especialmente os menos familiarizados com tecnologia. Por outro lado, a abertura para instalação de APKs e o suporte a apps famosos como TikTok, Tinder, Telegram e Microsoft Office ajudam a reduzir a curva de adaptação.

Com planos para atrair desenvolvedores brasileiros e fortalecer sua loja AppGallery no país, a Huawei mostra que sua aposta é de longo prazo. Resta agora acompanhar como o mercado e os consumidores responderão a essa nova fase da marca — que, se conseguir contornar os desafios, pode voltar a ocupar uma posição de destaque entre os grandes nomes da telefonia móvel no Brasil.


fonte: https://tecnoblog.net/noticias/huawei-no-brasil-afinal-os-celulares-rodam-qual-sistema-operacional/

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